Uma das últimas fotos do Tony, tirada no domingo, no dia do jogo
Esta é a última foto do Tony, tirada há dois dias, antes da internação
Oi Amigas,
Espero que estejam todas bem.
Mais uma vez não retornei aos recados de vocês, mas tentei explicar que nosso cachorro estava muito doentinho.
Infelizmente trago-lhes mais uma triste notícia: nosso cachorro Tony faleceu esta manhã.
Eu apresenti o Tony ao blog aqui, em outubro do ano passado.
Depois de diversas idas e vindas, exames, muito corre-corre, choradeira e confusão, descobrimos que ele estava com a tal doença do carrapato. Fizemos 4 raio-x da coluna e o problema estava lá bem estampado: uma vértebra sendo comprimida severamente. E dá-lhe antiinflamatório!
O que mais me entristece é saber que ele estava relativamente bem até terça-feira, tanto que foi ao pet tomar banho junto com o Fiel. Voltou lindo, perfumado e com gravatinha verde e amarela. Ainda sentia dores e ficamos de tirar outras radiografias. Mas como ele teve problemas de estômago por não aceitar o remédio, pedi ao vet. que fizesse uma intravenosa. Foi quando descobriram que o sangue não coagulava...
O diagnóstico dessa doença do carrapato, habitualmente, é muito difícil e não há prevenção. Não adianta frontiline ou derivados, pois se o carrapato infectado picar, há risco de morte. Eu havia levado os dois a uma fazenda faz pouco tempo, talvez ele tenha se infectado por lá, não há como saber.
Como o Tony já era idoso e tinha problemas de coluna, nós o tratamos como tal. Mas o sangue começou a não coagular ou sei lá o que, foi quando o médico teve a "brilhante ideia" de fazer um simples exame de sangue e descobrir que ele estava com a tal doença. Não me perguntem porque ele não fez esse exame de sangue antes, pois eu não sei! Mas aí já era tarde demais. Eu juro que tentei de quase tudo, mas não deu...
Estou um bagaço, ainda me culpo por não tê-lo levado a outro veterinário e buscado uma segunda opinião, me culpo por achar que era a coluna e não outra coisa, por não ver que ele já apresentava sinais há uma semana e eu socando antiinflamatório nele...Como pude não perceber isso? Como pude não enxergar que a doença era outra? e se eu tivesse feito isso ao invés daquilo?
Passei essa madrugada toda com ele, que gemeu muito, sofreu demais. Ele só parava de gemer quando eu falava com ele, cantava ou alisa sua carinha e suas patinhas. Às 4hs da madrugada vim pra casa dormir um pouco. Às 7hs eu soube do falecimento dele e fui ao nosso último encontro.
Fiquei sozinha com ele por quase uma hora sem deixar que ninguém chegasse perto de nós; apenas com meu olhar nem o veterinário ousou se aproximar, senão eu o mataria ali mesmo.
Ali, naquele lugar frio, fiquei alisando seu pelo macio, beijando sua carinha fofa e carente que sempre teve, e massageando as almofadinhas das patas dianteiras, coisa que ele adorava. Ajeitei suas orelhinhas, alisei com uma escova seu pelo lindo, limpei a boquinha e ficamos abraçados.
Depois tirei seu pijaminha e a coleira, deixando nele apenas a gravatinha com as cores da bandeira do Brasil, mas que depois tive de tirar.
Não me perguntem de onde tirei essa força, pois nem eu mesma sei... apenas fiz meu último carinho em quem tanto amei...
Depois eu e meu irmão decidimos pela cremação do corpo. Aqui tem uma universidade que tem curso de veterinária (Unimar) e lá eles cremam os corpos dos animias mediante uma taxa. Há até uma ante-sala para a despedida, como se fosse um velório, mas eu não tinha mais forças. Eu me despedi dele sozinha, sentindo as dores que ele sentiu e meu irmão acompanhou a cremação.
Assim que voltei estava arrebentada, chorando tanto que minha mãe se apiedou de mim, ela chorou apenas de ver o estado em me encontrava e ainda disse ao meu irmão que eu poderia ter um treco, que era para ficarem de olho.
Sempre agarrada ao pijaminha dele, sua coleira vermelha e a gravatinha, tomei um "sossega leão" que me arranjaram e apaguei o dia todo. Acordei atordoada e agarrada ao pijama dele. Andei até a sala e deitei na sua caminha, onde voltei a dormir mais um pouco sentindo o cheirinho dele.
Como dói...
Como dói...
Ainda ouvirei o latido dele muitas noites, isso é certo. Também ouvirei na hora do jornal da noite ele dar uma leve arranhadinha na porta da sala, pedindo seu ossinho diário ou outro petisco que sempre tinha em mãos para lhe agradar.
Não terei mais a quem dar dois pãezinhos franceses toda manhã (um para comer, outro para enterrar); ou 2 salsichas de frango todo dia (uma de manhã, outra de noite); os ossinhos mini eram seus preferidos, mesmo ele sendo um gigante de 46kg; o arroz com frango que fazia todo domingo agora está cancelado, pois era ele quem gostava, assim como de mussarela.
Era carinhosamente chamado de "Bonecão", pois tinha a doçura de uma bonequinha, mas com o tamanho de um gigante. Incapaz de agredir quem quer que fosse, se afeiçoou aos gatos mesmo passando a conviver com eles apenas a partir dos 5 anos. O Chiquinho, no inverno, dormia ao lado dele.
O Fiel foi seu grande discípulo, aprendendo a marcar as mesmas árvores, a derrubar bananeiras, a morder todo tipo de vasilha plástica que encontrasse, a enterrar petiscos, a latir na hora certa, a ser tolerante com outras espécies. O mesmo Fiel que hoje passou o dia todo amuado sem latir e procurando o velho amigo em todos os cantos do terreno, do quintal e da casa. O mesmo Fiel que se deitou ao lado do Tony na última noite em que esteve em casa, tentando acalentar o velho amigo.
Não há consolo para a morte de quem amamos, seja gente ou animal, disso já tenho certeza. Somente o tempo ameniza a dor dessa separação.
Há apenas conformismo, ainda mais no caso do bonecão Tony, pois ele era do meu pai. Desde que meu pai faleceu, há dois anos, ele decaiu muito de saúde, mesmo com nosso extremo cuidado. Sentia falta dele, chorava, esperava que na hora do pão francês fosse meu pai e não eu. Meu pai tinha um fusquinha e toda vez que ouvia o barulho de um fusca ficava eufórico, achando que era meu pai que estava voltando. E nem vendemos o fusca por conta disso, pois era onde ele dormia todas as tardes ou nas noites de frio: dentro do fusquinha.
Eu me conformo apenas com o fato de que eles devem estar juntos agora, em plena paz e descanso, que finalmente o adorável e fofo Tony encontrou seu dono, meu pai.
Domingo, no dia do jogo, tirei muitas fotos dele dentro de casa, pois morria de medo de fogos de artifício. Passou a tarde todinha comigo, até 19hs. Depois quis ir dormir no fusquinha, pra relembrar o dono.
A rapidez dessa doença é inacreditável e avassaladora...
As fotos abaixo foram tiradas há 4 dias. Dá pra acreditar nisso?
Meu Bonecão Tony no dia do jogo, todo assustado com os rojões:
Tentando tampar os ouvidos com o barulho dos fogos:
Nada o acalmava, apenas estar ao meu lado:
Fiel e Tony:
Meu bebezão fofo e carente:
Meu Bonecão tomava boa parte da sala, mesmo estando sempre tosado:
Tony observando o Vuvu, ao fundo:
Muito fofo ver os dois brincado:
O Tony até subiu na poltrona pra cheirar o Vuvu e depois ficou lambendo a barriguinha dele, muito carinhoso mesmo...
A pata gigante que tinha a almofadinha mais deliciosa do mundo...
O mestre e o discípulo:
Distraindo o Fiel com um osso no dia da internação do Tony:
Sua última gravatinha, que não pode ir para a cremação:
A caminha onde ele dormiu pela última vez:
As bolinhas de tênis e de chocalho, a coleira vermelha, o pijaminha, os ossinhos e o cobertor...
A mesma caminha onde deitei hoje a tarde, me contorcendo de choro, de dor e de saudade do amigo Bonecão
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Meninas
Peço desculpas por vir aqui tantas vezes em uma semana me lamentar...
Foram tantas as desgraças que parecem não ter fim, me desculpem pelos desabafos.
Dizem que há inferno astral, ou que soltam as bruxas. Deve ser um desses o meu caso, pois há dois anos, entre idas e vindas, vem um tsunami de desgraças em minha vida.
Ando muito cansada disso tudo, não suporto mais tanta dor e não estou sabendo como dirimi-las.
Espero que compreendam se, vez ou outra, eu der uma sumidinha.
Preciso ficar sozinha e tentar curar as feridas, encontrar meios de diminuir tanta dor...
Meu muito obrigada a todas!
Beijoooo
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Papai, cuide bem do nosso Bonecão. Em breve estaremos todos juntos!