Professores: uma classe esquecida!

Meninas

Hoje é um dia especial: o Dia dos Professores!

Além de advogada, também fiz Letras e ministrei aulas por um tempo. Então posso falar do assunto com certa segurança.

Hoje é um dia de poucas comemorações, pois os professores são grandes lutadores no nosso Brasil e quase nada recebem em troca pela formação de tantas crianças que serão nosso futuro.

Salários defasados, salas de aula precárias, alunos mal educados, marginalidade imperando entre os adolescentes, pais que deseducam e transmitem a educação integral de seus filhos aos professores... São tantas as desventuras que cercam o dia a dia de um professor que pouco lhe sobra o que comemorar.

O estado de São Paulo é o campeão brasileiro em defasagem salarial de professores. Além de muito mal pagos, explorados e acachapados, os coitados ainda perderam o pouco de respeito que tinham com o malfadado método adotado pelo PSDB nestas bandas: a progressão continuada!

Para resumir a definição, a progressão continuada não permite a repetência do aluno, ele é aprovado automaticamente. O que era para ser benéfico, tornou-se o maior vilão de SP nos últimos anos: o professor perde a autoridade, pois não tem mais como reprovar o aluno - nem por notas! O aluno ganha poder desmedido numa fase de crescimento.

Além do método de progressão continuada - que está levando a educação de SP à falência, com alunos de 14 anos que não sabem ler e alunos que saem do ensino médio sem saber interpretar um texto -, o professor tornou-se mera figura decorativa em sala de aula.

Eu lamento muito por SP, pelos professores, pelos alunos e pro tudo que o Brasil perde.

Mas o brasileiro é cheio de esperanças. Eu ainda tenho fé que esse método será banido do Brasil e que os professores voltarão a ter sua dignidade e seu respeito merecidos de volta.

A esses bravos lutadores, que sei que são muitos, meu muito obrigada pelas batalhas diárias, pelas vitórias e pela resistência, por não se entregarem.

Deixo a vocês um texto lindo de Rubem Braga, em que diz que melhor que perguntar, é saber que resposta formular.

É de pensadores como esse que nosso Brasil precisa!

Felicidades, queridos professores!

“Quando era menino, na escola, as professoras me ensinaram que o Brasil estava destinado a um futuro grandioso porque as suas terras estavam cheias de riquezas: ferro, ouro, diamantes, florestas e coisas semelhantes.

Ensinaram errado. O que me disseram equivale a predizer que um homem será um grande pintor por ser dono de uma loja de tintas. Todavia, o que faz um quadro não é a tinta: são as idéias que moram na cabeça do pintor. As idéias dançantes na cabeça fazem as tintas dançar sobre a tela.

Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre. Não sabemos pensar. (…) Minha filha me fez uma pergunta: “O que é pensar?” Disse-me que essa era uma pergunta que o professor de Filosofia havia proposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns.

Primeiro, por ter ido diretamente à questão essencial.

Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta. Porque, se tivesse dado a resposta, teria com ela cortado as asas do pensamento.

O pensamento é como a águia que só alça vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isto existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme, mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.”

Rubem Alves

Fofas

Eu ainda me lembro das aulas com as professoras Lúcia e Djanira. Sempre levávamos flores e maçãs, um sabonete (era chique ganhar sabonete), um bilhete. No dia delas sempre tinha festa, bolo com guaraná, pão com patê. Era tudo delicioso!

Tínhamos um enorme respeito pelas "tias", eram nossas segundas mães. Espero que a classe de professores de hoje um dia encontre essa dignidade das tias que tive no passado.

E com direito à maçã de presente!

Beijoooo